Mutirão da telefonia tem pequena adesão por falta de transporte e pouca divulgação
Nas maiores cidades do Estado, houve poucos usuários no primeiro final de semana do mutirão que as operadoras de telefone celular se comprometeram a fazer para receber reclamações.
O atendimento é resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado no fim da CPI da Telefonia da Assembleia Legislativa em novembro.
Em Porto Alegre, a greve nos ônibus afetou a mobilidade. Em Canoas, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria, a falta de informação acentuou a baixa procura. Diretor técnico da Fusion Consultoria, João Marcondes previa que a participação seria baixa. Lembra que só 2% de usuários das 271 milhões de linhas ativas no país costumam reclamar. Assessor da CPI, Marcondes ainda aponta falta de conhecimento sobre direitos do consumidor e escassa divulgação da iniciativa.
— As pessoas deveriam gastar 10 minutos analisando a fatura. A cada mês, encontramos erros nos valores que oscilam entre 10% e 30%, sempre para cima — alerta o diretor da Fusion.
Marcondes entende que as operadoras deveriam ter enviado avisos nas contas sobre o período de atendimento especial. Avalia que o movimento aumentará se os consumidores se conscientizarem de que vale a pena.
— Um erro de R$ 10 em um mês pode significar, em um ano de contrato, R$ 120 de prejuízo — calcula.
Conforme o presidente da CPI da Telefonia, deputado Ernani Polo (PP), o período do mutirão, que vai até 20 de fevereiro, foi decidido por consenso entre Ministérios Públicos Estadual e Federal e operadoras. Diretor jurídico do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular (Sinditelebrasil), José Américo Leite Filho sustenta que fevereiro é a melhor data porque as pessoas já começam a voltar das férias. A entidade planeja divulgar hoje um balanço dos primeiros dias.
Mesmo quem procurou o serviço não saiu lá muito satisfeito. Em Porto Alegre, a terapeuta Neuza Maria Santana, 60 anos, foi até uma loja da Vivo porque vem enfrentando cobranças acima do valor contratado desde que a família trocou o plano, há cerca de um ano e meio. Usuária da operadora há mais de uma década, Neuza saiu da loja sem ter a solicitação atendida por não ser a titular da conta.
— Eles sempre resolvem na hora, mas depois, no outro mês, cobram errado de novo — reclama.
DESCONHECIMENTO E DEMORA NA SOLUÇÃO
Canoas
Vagner Luis Tavares, 34 anos, foi atendido com rapidez, mas a solução vai demorar. Ele fez um plano na Vivo por R$ 99 e, durante três meses seguidos, recebeu contas de R$ 139. Decidiu não pagar a diferença e ficou com três parcelas pendentes. No sábado, tentou resolver o problema, mas só teve promessa de solução no prazo previsto no TAC: cinco dias.
— Para mim, por enquanto esse mutirão não resolveu.
Pelotas
A maioria das pessoas tinha mais dúvidas técnicas do que queixas sobre cobrança indevida. Renê Oliveira, cliente da Claro, foi até um ponto de atendimento porque não entendia o motivo do desconto de créditos no celular pré-pago. Acabou sendo lembrado que havia feito portabilidade, isto é, trocado de prestador do serviço, e vinha usando números da operadora anterior confiando que a ligação fosse gratuita. Só que não.
Caxias do Sul
O técnico de montagem Jaquiel Gonçalves, 27 anos, contratou um plano da TIM por R$ 60 mensais. Na semana passada, levou um susto ao conferir a fatura de R$ 130, mais do que o dobro. Sem conseguir solução pelo call center, procurou uma loja.
— Disseram que iriam resolver, só que o sistema da empresa estava fora do ar. Pediram para voltar em meia hora, mas o sistema continuava sem funcionar — diz Jaquiel.
Santa Maria
Funcionária pública, Rejane Kolinski de Carvalho, 48 anos, procurou uma loja da Vivo porque estava enfrentando problemas para conectar o 3G. Foi bem atendida e saiu satisfeita. Ao saber do mutirão, fez um desabafo comum a clientes de telefonia celular:
— É por isso que resolveram tão rápido. Normalmente, só têm pressa quando a gente quer contratar um serviço. Na hora de cancelar ou reclamar, ficam enrolando.
SERVIÇO
Ainda dá tempo de reclamar de cobrança indevida até 20 de fevereiro
Todas as operadoras estão participando do mutirão com atendimento nas lojas e revendas autorizadas, durante o horário normal de funcionamento desses estabelecimentos até o dia 20. A recomendação aos usuários é levar a conta com problemas e um documento de identidade com foto. Abaixo, confira as particularidades de atendimento, especialmente em cidades onde não há lojas ou revendas disponíveis.
Vivo
O cliente deverá ligar para 8486 ou acessar vivo.com.br (ambos 24 horas por dia).
Claro
Atendimento em agências dos Correios, onde o cliente deverá responder a um formulário.
Tim
Em todas as cidades, agências dos Correios recebem reclamações, por meio de formulários. Em municípios sem lojas e revendas, call center e site também podem ser usados.
Oi
Usuários podem encaminhar queixas pela internet (oi.com.br) ou por telefone (para reclamações sobre a linha de celular, 1057, e sobre internet, 10314).
Fonte: Zero Hora