IPhone 6 da Apple acaba com sequência de barateamento de smartphones na China
Depois de anos de queda dos preços dos smartphones no mundo inteiro, parecia que a tecnologia mais popular tinha se transformado rapidamente em uma commodity. A depressão que demorou décadas para os computadores parecia ter acontecido em apenas alguns anos no caso dos celulares.
Talvez o caso mais problemático fosse a China, o maior mercado e tradicionalmente um dos que mais rápido crescia. Os chineses não apenas estavam se contentando com modelos mais baratos; no começo deste ano, eles estavam comprando menos unidades pela primeira vez desde a invenção do smartphone moderno.
Embora a China já não seja mais a máquina irrefreável de crescimento do setor de tecnologia móvel, ela poderia se tornar a próxima meta para os lucros. De outubro de 2014 a março de 2015, o preço médio de um smartphone vendido na China aumentou significativamente, segundo dados da empresa de pesquisa IDC. O valor passou de US$ 192 no terceiro trimestre de 2014 para US$ 239 no quarto e depois para US$ 263 no primeiro trimestre de 2015.
A mudança inesperada pode ser atribuída principalmente à Apple, diz Bryan Ma, analista da IDC. A empresa acrescentou modelos mais caros com tela maior que fizeram tanto sucesso que movimentaram substancialmente o enorme mercado chinês e ajudaram a catapultar a Apple para a primeira posição lá.
“Os aumentos mais recentes refletem a popularidade do iPhone 6 e do iPhone 6 Plus”, diz Ma, mencionando dados da IDC.
Validação
Os resultados constituem uma importante validação para Tim Cook. O CEO da Apple estava sendo pressionado pelos analistas e acionistas a reduzir os preços e criar modelos mais baratos a fim de se adaptar ao que parecia ser uma mudança permanente no setor. Um modelo mais barato feito de plástico, o iPhone 5C, fracassou. Cook não demorou muito para descobrir a verdadeira solução para as preocupações da Apple com o crescimento: telas maiores. Os acionistas viram evidências do triunfo de Cook nos lucros da empresa nos últimos trimestres.
Além da Apple, os números são relevantes porque acabam com a ideia de que os chineses não estejam dispostos a pagar mais por um celular que considerem superior. Depois de entrar na corrida pelo menor preço, a Samsung Electronics caprichou com seus últimos smartphones, o Galaxy S6 e o Galaxy S6 Edge, e isso já está começando a dar frutos.
Pelo visto, as empresas que parecem não estar prestando atenção são as que têm sede na China. A Lenovo, a Huawei e a Xiaomi continuam concorrendo entre si para oferecer o preço mais baixo.
Ainda há muitos chineses que valorizam uma pechincha acima de tudo, e com o tempo veremos se a nova tendência se mantém. Mas as empresas estrangeiras estão absorvendo grande parte dos lucros. A mudança de sorte da Apple deveria obrigar o setor a reavaliar o que acha que sabe sobre o que os consumidores chineses querem.
Fonte: Uol