Entenda como quadrilha se organizava para cometer crimes no Rio

A investigação que motivou a operação desta terça-feira, para cumprir 43 mandados de prisão contra uma organização criminosa especializada no roubo de celulares e extorsão de vítimas, revelou que o grupo atuava com uma estrutura empresarial. De acordo com a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), a quadrilha se organizava em três núcleos, cada um com funções previamente estabelecidas para a prática dos crimes. As atividades iam desde a articulação logística e administração de grupos voltados à venda de celulares roubados até a execução das extorsões. Segundo a polícia, 37 pessoas foram presas.
Da estrutura identificada pela polícia, seis pessoas foram identificadas como chefes dos núcleos, sendo o principal líder do esquema um homem identificado como Diogo Ricardo Souza de Oliveira, conhecido como “Puff”. Segundo a polícia, ele era responsável pela logística de compra e venda dos celulares roubados e pelo financiamento das operações criminosas.
Na estrutura, dividida em três núcleos (Caxias, Bangu e Central), pelo menos 25 pessoas foram identificadas como assaltantes do grupo. A polícia ainda identificou pessoas que participam do núcleo de inteligência — para adquirir informações e fazer a revenda dos aparelhos roubas — e outras que faziam apoio em diversas funções.
Os núcleos
No núcleo de Duque de Caxias, 17 pessoas foram identificadas como responsáveis pelos roubos de celulares, enquanto outras seis atuavam na captação e intermediação da entrega dos aparelhos.
Entre os integrantes do núcleo, a polícia identificou uma mulher chamada Katsue da Silva Kurota e um homem identificado como Reginaldo Soares Santos. Segundo os investigadores, a dupla era responsável pela distribuição dos aparelhos roubados para revenda e administração do esquema.
Já Rennan Cássio Souza de Oliveira, o “Panda”, gerenciava as movimentações financeiras da quadrilha, o que incluia o pagamento dos assaltantes. Já o Márcio Fernandes de Lima guardava o dinheiro e auxiliava na ocultação dos bens adquiridos pelo grupo.
No núcleo de Bangu, a quadrilha era especializada na adulteração dos aparelhos e na revenda dos dispositivos roubados. O suspeito Magno Domiciano Gonçalves da Silva, conhecido como “Tchuk” ou “DJ Tchock”, administrava grupos de WhatsApp destinados à comercialização de celulares roubados. Ramires Lucas Chaves foi identificado pela polícia como um fornecedor dos aparelhos de origem ilícita para os membros do grupo em Bangu. Hugo da Silva Agripino foi apontado como um dos principais compradores e Richardson Cardoso de Oliveira foi apontado como responsável por uma loja de revenda de aparelhos adulterados.
No núcleo da Central do Brasil, Diogo de Lima Rosa, conhecido como “Gordo”, foi apontado pela polícia como um especialista em fraudes de phishing e desbloqueio de celulares roubados. Outros dois criminosos forneciam os aparelhos para que Gabriel Roberto Souza de Mello, o “Coruja”, realizasse a revenda. O intermediário entre assaltantes e compradores seria um homem identificado como Anderson Cristiano, segundo a polícia.
Como funcionava o esquema?
Segundo a polícia, a primeira etapa do crime consistia na subtração dos celulares, geralmente em locais de grande circulação, como Duque de Caxias, Bangu e Central do Brasil. Após o roubo, o núcleo de extorsão entrava em ação para obter informações sigilosas, como senhas bancárias e de desbloqueio dos aparelhos. Os criminosos enviavam ameaças diretas via WhatsApp, SMS e e-mail, usando fotos de armas para intimidar as vítimas.
O grupo também aplicava golpes de “phishing” por meio do WhatsApp, induzindo as vítimas a inserir informações sigilosas em sites falsos. Isso permitia que os criminosos desbloqueassem os celulares e acessassem aplicativos bancários.
Os investigadores descobriram que os criminosos utilizavam informações da ‘dark web’ para reforçar as ameaças e exigir dinheiro. Além de pedir informações para desbloquear o aparelho, eles também exigiam pagamentos para não divulgar os dados pessoais das vítimas. Quando não conseguiam as informações necessárias para desbloquear os aparelhos, os celulares
Para dificultar o rastreamento do dinheiro obtido nos crimes, a quadrilha estruturou um esquema de lavagem de dinheiro, distribuindo os valores em diversas contas bancárias de terceiros e realizando saques estratégicos em espécie. Parte do lucro era repassada para traficantes, garantindo a continuidade do esquema com o aval de grupos criminosos. Os principais repasses eram feitos para a favela do Rato Molhado, na Zona Norte, e para o Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias.
Além disso, os integrantes ostentavam o dinheiro obtido ilicitamente em redes sociais, exibindo bens de alto valor e promovendo festas financiadas pelo crime.
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