Para refrescar a cabeça: 8 exposições imperdíveis para quem quer fugir do calorão no Rio

Óculos de sol, bonés e chapéus, chinelos de dedo, roupas leves e (até) trajes de banho. Figurino perfeito para ir à praia. Ou, como muitos cariocas e turistas têm preferido este verão, ao museu. Com os termômetros ultrapassando a casa dos 40 graus no Rio em janeiro, a combinação água salgada e areia debaixo de sol a pino tem dado espaço a opções fechadas e com sombra, de preferência bem fresquinhas.
— Quando as pessoas pensam em programas legais com ar-condicionado, geralmente o que vem primeiro à mente são cinemas ou shoppings. Para mim, são os museus — conta a estudante Luísa Ribeiro, de 19 anos. — O ideal é combinar os dois programas: praia e museu. Um de manhã, o outro à tarde — complementa a jovem.
Depois de um período vivendo em Manaus, no Amazonas, a estudante de Direito e a avó Vera, de 78 anos, ambas amantes de música e de História, fizeram questão de tirar um dia para visitar a nova exposição da Caixa Cultural, “Solfejo”. Por lá, o ar tem ficado tão gelado, que “nem parece a mesma cidade”.
— Na semana passada, chegamos à sensação térmica de 48,5 graus. Eu estava trabalhando aqui dentro, então, nem senti — relata a educadora do espaço, Melissa Ancelmo, responsável pela visita guiada às salas.
De férias em terras cariocas pela segunda vez, o chileno Juan Carlos Ahumada, de 52 anos, optou por levar a mulher Alejandra e a enteada Trinidad na última sexta-feira ao Museu do Amanhã para fugir dos raios solares.
— Estamos aqui há poucos dias, mas nossas peles já ardem bastante — lamentou. — Hoje, queríamos um programa tranquilo, em algum local fechado. Decidimos ir antes ao AquaRio e, depois, ao museu. É bem interessante, valeu a pena — garantiu.
Moradora de Belo Horizonte, a servidora pública mineira Vanessa Fagundes foi outra que trocou as areias e o mar pelo fresquinho do Museu do Amanhã com a família.
— Estamos passeando no Rio e precisávamos fugir um pouco do calor. Já viemos aqui outras vezes, as mostras são sempre maravilhosas — declarou.
Para o pequeno Miguel, de 9 anos, filho de Vanessa, que visitava a temporária “Sonhos: história, ciência e utopia”, ir ao museu é melhor do que ir à praia.
— Eu gostei muito da exposição, me diverti lendo os cartões feitos por Inteligência Artificial. E ainda é bem geladinho. Na praia, levo caldo e entra água no meu ouvido — brincou.
A seguir, um roteiro por museus e exposições refrescantes para driblar o calor.
AquaRio
Programa para todas as idades: inaugurada em 2023, a instalação “Mar de Espelhos” propõe uma viagem ao mundo dos reflexos, com mais de 1.300m² de espelhos distribuídos por nove ambientes. E a cada mergulho, uma selfie: difícil resistir a uma foto nos cenários imersivos, que simulam paisagens como mares, montanhas e edifícios. Antes ou depois, ainda dá para visitar os tanques de animais marinhos.
Praça Muhammad Ali, Gamboa. Seg a sex, das 9h às 17h30. Sáb e dom, das 9h às 18h30. R$ 66 (só a exposição) ou R$ 230 (combo Aquario, Mar de Espelhos e Museu de Cera).
Caixa Cultural
Gangorras com sinos, pista de dança com constelações reproduzidas em neon no teto e concertos com representações das músicas do planeta. Essas são algumas das 50 obras do artista plástico Felippe Moraes na mostra interativa “Solfejo”, que se divide entre a unidade Passeio (Rua do Passeio 38) e o Teatro Nelson Rodrigues (Av. Paraguai 230), no Centro. O carioca promove uma espécie de investigação sobre o som e o samba, passando ainda pela cosmologia.
Ter a sáb, das 10h às 20h. Dom e feriados, das 11h às 18h. Até 30 de março.
Casa Roberto Marinho
O belo casarão cor-de-rosa construído em 1939, onde morou o jornalista Roberto Marinho (1904-2003), é um oásis urbano. Cercada de árvores e muito verde, a bucólica residência recebe a mostra “Geometria inquieta”, com 100 obras de Ascânio MMM. Além dos salões, as imponentes esculturas pinçadas dos acervos do artista e da casa, em madeira ou alumínio vazado — ocupam também o belo jardim projetado por Burle Marx. Ali fica também o agradável Metiers Café, parada estratégica para um lanche leve ou um drinque gelado.
Rua Cosme Velho 1.105. Ter a dom, das 12h às 18h. R$ 10. Grátis às quartas. R$ 10 para grupos de quatro pessoas aos domingos. Até 30 de março.
Futuros — Arte e tecnologia
Aparelhos de telefone antigos, orelhões, máquinas de escrever, câmeras analógicas e outros itens “jurássicos” da história das telecomunicações, convivem lado a lado com experiências de realidade virtual e uma sala imersiva espelhada sobre a vida ultraconectada. O espaço tecnológico no Flamengo é prato cheio para crianças curiosas e adultos nostálgicos (ou vice-versa). O espaço exibe ainda a mostra “Nós — Arte e ciência por mulheres”, que percorre as carreiras de 50 cientistas do mundo todo, como a química francesa Marie Curie e a médica brasileira Nise da Silveira.
Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo. Qua a dom, das 11h às 20h. Grátis.
Museu de Arte do Rio
Principal exposição da temporada de 2024, a mostra “Funk: um grito de liberdade” segue em cartaz até março, e percorre a história do gênero musical carioca e seus desdobramentos estéticos, políticos e econômicos. Entre quadros e instalações de artistas como os brasileiros Maxwell Alexandre e Panmela Castro, e de nomes estrangeiros, há também tablets com fones para os visitantes navegarem por uma playlist com funks de diferentes gerações. Outra atração concorrida é uma mesa MPC, em que o público pode inventar seus próprios beats e melodias — até a ministra Margareth Menezes e a primeira-dama francesa Brigitte Macron já brincaram por lá.
Praça Mauá 5, Centro. Ter e qua, das 11h às 18h. Qui a dom, das 9h às 16h. R$ 20. Grátis (às terças). Até 30 de março.
Museu de Arte Moderna
Inaugurada no último sábado (25), a coletiva “Formas d’água”, que reúne obras de artistas como Artur Barrio e Bispo do Rosario inspiradas na Baía de Guanabara, é uma ótima oportunidade para visitar o museu, reaberto ao público em dezembro, totalmente restaurado depois de sete meses fechado para sediar o G20 no Brasil. Na área externa, outra novidade é a Cantina do MAM, de frente para os espelhos d’água , que também volta a funcionar depois de cinco anos com comidinhas e vinhos. Av. Infante Dom Henrique 85, Aterro.
Qua a dom, das 10h às 18h. Contribuição voluntária (sugestão de R$ 20 para adultos; R$ 10 para crianças e idosos).
Museu do Amanhã
Palco do G20 em novembro, o museu deu início às comemorações de seus 10 anos com a interativa “Sonhos: história, ciência e utopia”. Em parceria com o neurocientista e escritor Sidarta Ribeiro, a mostra reúne obras que se debruçam sobre o universo dos sonhos. Na lista, labirinto que traça um panorama histórico da influência dos sonhos em diferentes povos, meditação guiada, feed gigante de redes sociais, painel gráfico e a Galeria de sonhos e de grandes sonhadores, um tributo a nomes como Cacique Raoni, Martin Luther King e Pepe Mujica.
— É um tema envolvente, e ainda tem vídeos e dá para brincar em jogos. Gosto do assunto e de como eles propõem a experiência — diz a servidora pública Vanessa Fagundes.
Praça Mauá 1, Centro. Ter a dom, das 10h às 18h. Grátis (às terças) e R$ 30. Todo dia 10, entrada a R$ 10. Até 27 de abril.
Museu do Pontal
Considerado o maior museu de arte popular do país, tem em cartaz “J. Borges — O sol do sertão”, em homenagem ao artista pernambucano José Francisco Borges, morto em 2024, aos 88 anos. No amplo jardim, a casa oferece, até domingo, uma programação especial para a criançada, que inclui oficinas, espetáculos circenses, jogos coletivos e até banho de mangueira.
Av. Celia Ribeiro da Silva Mendes 3.300, Barra. Qui a dom, das 10h às 18h. Contribuição voluntária. Até 30 de março.